
VETORES DA ESCUTA
Pensando a escuta como uma forma de conhecimento, de compreensão desse corpo, da identidade, da
alteridade e da maneira como nos relacionamos, proponho uma jornada através de seus diversos vetores,
uma introdução a esse amplo universo, na busca e de semear inquietudes para que cada uma possa
também trilhar seu caminho com autonomia, consciência e muita escuta.
A OFICINA
O propósito desta oficina é trabalhar a escuta em suas diversas dimensões. Surge da busca por espaços
possíveis de sensibilização e conexão com nossa sensorialidade a partir da escuta, como forma de nos
aproximarmos de algo primordial, que é a maneira como nossos corpos sentem, interpretam e fluem nos
espaços que ocupamos.
Escutar é uma aventura, é lançar-se a um desconhecido, e não ter controle sobre o som que vem. O ouvido
não tem pálpebras, já dizia Schafer. Mesmo assim, cada um escuta de uma forma particular.
Como escutamos? Quando escutamos outra pessoa, estamos realmente escutando outra pessoa, ou
escutamos a nós mesmas? O que atrai nossa escuta? O que repele? Quais nossos desejos de escutar e de
sermos escutadas? Que reações emergem de nossa escuta?
Para atender a essas e outras questões emergentes, passaremos por diversas atividades, propostas,
sugestões, jogos, para além da escuta musical. Interessa explorar as múltiplas possibilidades que a escuta
nos oferece, compartilhando rotas diversas com as pessoas, num jogo de conhecer-se, reconhecer-se e
relacionar-se através do som. Cada etapa será cartografada peles participantes de forma individual e
coletiva.
OBJETIVOS
Oferecer às participantes um espaço dedicado à escuta; Mapear as diversas camadas da escuta (de si, do
outro, do ambiente; focal, multidirecional, global; do corpo, elaborações e pensamentos); Construir
coletivamente o conceito de Lugar de Escuta; Realizar atividades de escuta que podem fazer parte do
cotidiano das pessoas participantes em seu fazer como educadoras musicais; Refletir coletivamente sobre
nossas atitudes enquanto educadoras através do conhecimento que a escuta nos oferece; Cartografar as
escutas em nível individual e coletivo
SEQUÊNCIA DE ATIVIDADES
Chegada e acomodação ao espaço e apresentação do trabalho.
Escuta de si e do corpo - sensibilização: práticas eutônicas de escuta/ escuta da pele e dos ossos.
Escuta multifocal, escuta direcional, escuta global: alternar o foco da escuta a partir de uma condução
inspirada em atividades de escuta profunda (Pauline Oliveros)
Primeira roda de conversas: como escutar o que o outro diz - trabalhando a alteridade. diálogos, trocas em
pequenos grupos, trocas na roda com todos. Partilha a partir das experiências vivenciadas até então.
Atividades de escuta: uma série de atividades de escuta que envolvem produção sonora, escutar sem ver,
jogos vocais, escuta e paisagem sonora, inspiradas em atividades realizadas ao longo de diversas oficinas e
vivências de escuta, leituras e estudos de Murray Schafer, Pauline Oliveros, Técnica dos Six Viewpoints e
investigações pessoais.
Segunda partilha: construção coletiva do conceito de Lugar de Escuta. Momento para refletir sobre quais os
vetores pessoais da escuta. Cartografias da escuta.
Meditação sônica final: escuta global, eu pertenço à terra.
Partilha final: o que eu aprendi sobre escuta? o que eu aprendi sobre mim com a escuta? próximos passos
na caminhada.
Referências para o trabalho: Pauline Oliveros (Deep Listening), Murray Schafer (Educação Sonora),
Marshall Rosenberg (Comunicação Não Violenta), Ranciére (O Mestre Ignorante), Paulo Freire (Pedagogia
da Pergunta), Brandon LaBelle (Acoustic Territories), Isabel Nogueira (Lugar de Escuta), Roland Barthes (A
escuta)